Todos no mesmo barco
A violência atinge a sociedade de forma geral e também os profissionais de Segurança.
A cidade de Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro, foi palco de uma nova ação criminosa contra Shoppings Centers. Quatro homens armados assaltaram o Top Shopping, o maior da região. A quadrilha invadiu uma joalheria em busca de joias e dinheiro. Durante a ação, o Gerente de Segurança do Top Shopping, Luís Chaves Filho, de 50 anos foi morto com quatro tiros, quando tentava evitar o assalto.
Esse foi mais um crime que culminou com a morte de um cidadão honesto. Sensibilizados, profissionais de segurança pública e privada de todo o Brasil prestaram condolências através de grupos profissionais e redes de relacionamento, pois sabem das dificuldades do segmento e dos riscos impostos pela profissão.
Pessoas não relacionadas ao segmento de segurança privada, muitas vezes tem uma visão distorcida da realidade. Em várias oportunidades, após me apresentar como gestor de segurança ou profissional da área, ouvi comentários do tipo: “Você deve estar feliz com toda essa criminalidade, têm um grande mercado para trabalhar”, “Quanto pior ficar, melhor pra você” ou o pior, “Você deve estar rico”. Grande engano. O que é esquecido é que por trás dos profissionais de segurança existem pessoas iguais a todos as outras. Todos têm família, pai, mãe e filhos para cuidar. Estamos sujeitos aos mesmos riscos no trânsito das grandes cidades, cada vez mais violento. Nossas casas e apartamentos precisam da mesma proteção que oferecemos aos clientes. Ou seja, estamos todos no mesmo barco.
A expansão do mercado não está condicionada ao crescimento da violência e da sensação de insegurança, pois o sucesso de um projeto de segurança está no trabalho preventivo, que independe dos índices de criminalidade. Para evitar uma situação de crise, como a que ocorreu no Top Shopping, 90% do êxito está na prevenção, na antecipação da mente criminosa, na identificação dos fatores de risco e no impedimento do fator surpresa. Se tudo isso não adiantar, a reação da equipe ou do sistema de segurança tem apenas 5% de chance de ser bem sucedido. Os 5% faltantes são delegados ao mero acaso, a pura sorte.
Outro fomentador da consolidação do mercado de segurança no Brasil é a formação do que chamamos de “Cultura de Segurança”, há muito difundida nos Estados Unidos e em diversos países da Europa. A “Cultura de Segurança” engloba pontos relevantes como o desenvolvimento, a profissionalização e reconhecimento do setor, o aprimoramento dos profissionais da área, a aproximação e consolidação da parceria com o poder público e a quebra do paradigma de que segurança é custo, quando na verdade é um investimento que se paga.
Assim como toda a sociedade, vemos com extrema preocupação os atuais acontecimentos. O grande alento para quem trabalha no segmento, é que o trabalho desenvolvido por gestores e profissionais de segurança privada, contribui para a redução dos índices de criminalidade e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.