Três regras de ouro para o mercado de Segurança - Parte I - Planejamento
Apesar de complexo, entender segurança pode ficar mais fácil se houver uma compreensão clara sobre as três regras básicas do bom gerenciamento.
Segurança Privada é um tema complexo. Para cada uma de suas quatro modalidades de atuação, segurança patrimonial, segurança pessoal, transporte de valores e escolta de cargas, existem diversas variáveis que impactam diretamente na qualidade da prestação de serviço, e para abordar todos os assuntos relevantes, precisaremos publicar inúmeros artigos nessa coluna.
Recentemente, em um programa de entrevistas, fui perguntado quais seriam as regras básicas, as mais importantes do mercado de segurança. Ao final, o entrevistador me pediu para elencar somente três, que seriam as “regras de ouro” para quem atua no mercado de segurança privada.
Mas como responder a essa pergunta de forma tão direta e simplificada? Como escolher apenas três pontos entre tantos outros relevantes? Quais realmente são determinantes para o sucesso ou fracasso nesse tipo de prestação de serviços?
A resposta para essa pergunta, a principio despretensiosa, não é nem um pouco simples. Escolhi três pontos que, no meu entendimento, formam as três regras de ouro. São elas:
· Planejamento;
· Treinamento, Controle e Correção;
· Atendimento à Legislação da Polícia Federal.
Planejamento: no ramo de segurança não existe margem para erros. Quando falamos em planejamento, não estamos tratando somente do erro operacional, aquele que acontece em campo, no dia a dia, mas sim de um erro mais grave, o de planejamento da equipe e do sistema de segurança.
Todo o projeto de Segurança, para ser bem sucedido, deve ser devidamente planejado. O leitor assíduo dessa coluna já leu em várias oportunidades sobre a importância da análise de riscos. Existem diversas metodologias de análise de riscos: método mozler, método brasiliano, sistema GIRO (Gestão Integrada de Riscos nas Organizações), etc... As metodologias disponíveis são válidas, desde que aplicadas corretamente, mas o que vemos, são projetos e sistemas de segurança elaborados de forma empírica, sem a utilização de qualquer metodologia, levando em consideração apenas o know-how do consultor ou gestor.
Um exemplo simples, mas que ilustra bem essa situação é a blindagem de um carro. Antes de encaminhar o veículo a uma blindadora, é preciso conhecer o VIP que irá utilizar esse carro e identificar os riscos a que ele está exposto e o nível de proteção que deverá aplicado. Se o protegido em questão for um diplomata americano, ele pode estar vulnerável a sofrer um atentado terrorista ou um ataque político, e de pouco adianta uma blindagem nível II, pois esse nível de proteção não é eficaz a ataques com armas de alto calibre e artefatos explosivos. No mesmo exemplo, se o VIP que utilizar esse veículo for um empresário que está sujeito a seqüestros e a violência das grandes cidades, é um desperdício de dinheiro blindar seu carro com um nível de proteção V, pois estamos investindo dinheiro prevendo cenários que não vão se concretizar.
Estendendo a mesma linha de raciocínio às outras ferramentas de proteção, dimensionamento de equipes de segurança, aplicação de equipamentos eletrônicos (CFTV, alarmes de intrusão e proteção perimetral) e a criação de normas e procedimentos, concluímos que a falta de planejamento é responsável por falhas nos sistemas e pelo desperdício de dinheiro. Em contra partida, projetos bem planejados, se mostram eficazes no tratamento e redução dos riscos encontrados e eficientes na aplicação dos recursos financeiros dos clientes.
Nos próximos dois artigos, discutiremos os outros dois tópicos: “Treinamento, Orientação e Controle” e “Atendimento à Legislação da Polícia Federal”. Até lá!